sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Vida é eternidade!


(Pediram-me que publicasse um texto escrito pelo Sérgio em Novembro do ano passado, para a página da Paróquia dos Marrazes, que geria. Aqui fica:)

A vida. Pensar na vida que em cada minuto passa e se torna naquilo que já se viveu. A vida. Sonhar com a vida dos minutos que ainda não aconteceram.
Para muitos, viver, simplesmente neste turbilhão de minutos, um a seguir ao outro, procurando um sentido, uma razão de se estar vivo, sabendo que o tempo tem um fim, e que o homem é limitado pelo espaço que é este mundo. O homem vive numa dimensão espacio-temporal limitada, mas pensa e sonha para lá dos limites do seu ser. Há seres humanos que pensam na vida, mas vivem na insegurança da morte e pensam comprar a sua solução substituindo-a por prémios, por saberes da ciência que procuram alargar horizontes, nas viagens ao longo do Universo na busca de uma vida sem fim. Há seres humanos que guardam a morte para se esquecerem dela, e não interiorizam a fragilidade daquilo que somos. Acorda-se para a vida não querendo adormecer para a morte e por isso, não se quer olhar para a última página daquele momento desconhecido e não se acredita que a história da vida de cada um continua a ser escrita pela mão de Deus.
Deus criou-nos, homem e mulher, para a vida, para uma missão continuada, aqui, agora e sempre. Somos criados à imagem e semelhança de Deus e Deus não tem principio nem fim. É a origem: “No Princípio existia o Verbo” (Jo1,1). Dizemos “Creio na vida eterna”, afirmação do nosso Credo proclamado vezes sem conta, mas continuamos incapazes de olhar para lá da cruz. A nossa capacidade não consegue perceber que “a água que Eu lhe der há-de tornar-se nele em fonte de água que dá vida eterna” (Jo 4,14). E, como a samaritana, questionamos que água é esta. E como todos os homens, perguntamos o que é a eternidade para a qual nascemos.
Viver para a eternidade, acreditar que Deus habita em nós e nos entrega o dom da vida, para vivermos e festejarmos na comunhão com os outros. Vivemos com aqueles que se relacionam connosco, com as suas experiências vividas, “vivemos”, na memória, também com aqueles que já vivem a eternidade, vivemos para ver nascer a vida que brota a cada momento e dar graças pelo o amor divino e eterno que Deus nos transmitiu incondicionalmente, através do seu próprio Filho, Jesus Cristo.
A eternidade, o único sentido da vida, para onde caminhamos com a vida de Cristo, para nos centrarmos na sua morte e paixão e sermos impulsionados para a sua ressurreição. Viver para nos focarmos na nossa vocação definitiva de filhos de Deus, sentindo a vida para lá daquela cruz onde Jesus entregou o seu Espírito ao Pai, para viver eternamente connosco, pois como Ele o disse na sua intemporalidade e eternidade.: “ Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos”, (Mt 28, 19-20).1
E é nesta missão de dar a vida, porque ela não se esgota, que nos disponibilizamos para a eternidade com Deus. Novembro, o mês em que se celebra por todos aqueles que já vivem a eternidade, é o tempo próprio para reflectirmos na forma como podemos ter a vida eterna.
Smar

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